"Não cansado de ser igual, martela teu tempo, na parede do esquecimento, espera pelo o que não te contestas. O que não há razão para merecer, tua mínima atenção."
O telefone toca,
digo: Alô.
Não há resposta.
Não há pergunta.
Alguém que me confunda,
alguém que me esclareça,
ou que me faça esquecer,
da riqueza,
da pobreza,
que há em todo ser.
O telefone toca,
digo: Alô.
Não há reposta.
Não há pergunta.
Dentro da solidão que me circunda,
apego-me à um fio,
ou um não fio,
que me coloca,
próximo a um suspiro,
tímido,
ofegante,
sem voz,
sem riso,
sem respostas.
Um suspiro indeciso,
mas que me suporta,
que me comporta.
Solidão se abrigou a minha porta,
meu coração preso,
neste apartamento,
alguém sem sentimento,
que espera,
apenas,
o chamar do telefone,
para sentir-se importante,
para um vazio que não grita.
Silenciar que atina,
o sentimento de bem estar,
sem estar.
O telefone toca,
digo: Alô,
Não há resposta.
Não há pergunta.
Escutar-me
é o que me basta,
o que me importa.
"Não cansado de ser igual, martela teu tempo, na parede do esquecimento, espera pelo o que não te contestas. O que não há razão para merecer, tua mínima atenção."