Ana Maria, apenas queria. Eram tantas coisas, que nem ela, dona das vontades, as sabia.
Menina, que acreditava, ser docê, e possuir um olhar meigo, mas isso fora a algum tempo,
Ana Maria, não percebera, as suas maravilhas, pois seu encanto imaginário, estava em ser a menina, idealizada. A menininha, aquela, que anda de tranças, que corre descalça, que toma chuva sorrindo e brinca de terra sem cessar. Ninguém a olha, não a nota, assim ela se via, um personagem, que faz histórias, todos conhecem, mas ninguém, jamais irá à tocar. Mal ela sabia!
Andando pelas ruas de sua vila, depara-se com uma pedrinha, abaixa, e à apanha, suspende seu olhar, os retirando do chão, e os elevando, a dois pés, com botinas, lindas e amarronzadas. Ergue mais o seu olhar, uma calça, jeans surrada, proposital ou não, era vistosa, clara, charmosa. Uma camiseta branca,um pouco mais acima, simples, lisa, limpa, cheirosa, um aroma, masculinamente selvagem, mas que não detectara no momento, apenas, sentiu-se arrepiar, após o aroma entrar por suas narinas.
Ana Maria, que ao caminhar, estava cantarolando "Eu vou... eu vou... pra casa agora eu vou...", cessou ao ver a pedrinha, e neste momento, de encontro com aquelas botinas, a surrada calça, e a limpa e cheirosa camiseta branca, depara-se com um olhar, verde, verde, mais do que verde, era brando, ardente. Cabelos negros, lisos, curtos, nariz afinalado, sorriso de boca vermelha, com carne, dentes alinhados, esbranquiçados...
E a pedrinha que era tão bonita, tornou-se feia, diante de tanta beleza.
Ana Maria, olhou, silenciou...
...Aquele olhar, mais do que verde, penetrou-a de forma avassaladora, sentiu-se dominar, pediu licença. "posso passar"?
Uma voz de timbre, grave, direcionou a ela, uma cantada, coisa que jamais havia recebido.
"Não a deixarei passar por minha vida, sem tirar-lhe o fôlego, ao enchê-la de amor"
(Não é que além de belo, o rapaz cujo o único defeito é usar botinas, ainda é poético!)
Ana Maria desentendida, apenas desejava passar, ou será, que desejava ficar, mais, para poder sentir aquele cheiro, de algo que desconhecia, cheiro de vida, cheiro dele, que desejava levar para sempre com ela. Qual o seu nome ele perguntou. Ela prontamente respondeu, com voz aflita, porém contundente.
-Ana Maria, e o seu?
Ana Maria, é um belo nome, tal qual a pessoa. Sobre o meu, me chame como quiser. - Como quiser? ela o perguntou.
Ele dizia a ela, que deveria chamá-lo como quisesse, pois ele desejava ser, o que ela queria, ou o que ela já teve e não mais tinha. Assim seria um pouco dela, e ela um pouco sua, seria.
Ana Maria, com a pressa, de uma criança, terrivelmente amedrontada, estigada, mas com medo.
Disse ao rapaz de botinas, que precisava continuar seu caminho para sua casa, pois era lá o seu destino. Segurada pelas mãos, alvas, frias e suaves. Foi questionada. Não desejas ter o que queres, ele se oferecia a ela. E diante de tal oferta Ana Maria, disse que não desejava ter o desconhecido, e que sentia medo, deste tal, de olhos verdes, e se mexendo pediu para que ele a deixasse.
Não contente, pediu a ela, mais alguns minutos de conversa. Embreagada pelo cheiro, que dele vinha, não negou. E a oferta se repetiu, Ana Maria, eu posso ser o que você quiser, Pedro, Paulo, Gabriel, Lourenço, ou apenas "botinha" (expressão que indagou ao dar de cara com as botinas do rapaz, quando pegava a pedrinha no chão).
Menininha Ana Maria, era tudo que imaginava, mas já brindava os 15 anos de vida, debutara a pouco, mas era para si, sempre aquela menininha, que corria e subia nas laranjeiras, as descascava e as chupava, sujando-se inteira. Lembrou-se do pé de laranjeira da vizinha, furtou da atenção ao rapaz de botinas, e disse que se encaminharia para sua casa, e que ele a acompanhasse, se assim quisesse, conversar.
Deram alguns passos, quietos, calados, o questionou. Disse se ele iria realmente a acompanhar, e ele disse que sim, que precisava.
Então intrigada, ela disse Lourenço, assim você será!
Caminhavam, por uma rua vazia, sentaram em um gramado extenso e conversaram, ele a olhava nos olhos, e ela falava sem cessar, de tudo que queria para a sua vida, desejava ser professora de escolinha, lecionar, para as criançinhas que a chamariam de tia. (A tia Ana Maria)!
Mas falou isso com lânguidez, em seus olhos tão vivos. Ele a perguntou, por que triste ficou, ao falar de algo que queria tanto, ela suspirou, e remeteu a distância, dizendo a ele, que muito tempo faltava, e águas em sua vida, haveriam de rolar, ela era muito jovem, criança.
E outros sonhos, comentou, sem parar, falava. O timbre manso de sua voz, o fazia, acalmar.
Ele a fitou, firmemente, com aqueles, olhos verdes, mais que verdes. E a calou.
... Beijou-a, um beijo terno, macio e quente, bocas cerradas, molhadas. Que foram se envolvendo, aquecendo ainda mais, fazendo-se oceano, de algo estranho que ela sentia a penetrar.
Ana Maria, com os seus olhos fechados, pensara em tudo, e o que estava sendo, este beijo...
...Deste seu Lourenço, que idealizou, sendo filho de fazendeiro, homem estudado, letrado, amável, ombro bom de se deitar.
O Beijou, perdurou, realmente a calou, a fez delirar, sentiu as mãos ásperas, de Lourenço tocarem suas costas, apertarem sua cintura, a comprimirem junto a ele, peito nos seios...
Nos seios... suas mãos escorreram, e ela sentiu-se deliciar por uma sensação oportuna. Um desejo de ser para ele o que ele quisesse. E entendeu neste rompante de desejo, o que ele sentiu por ela, e ficou deslumbrada, por ter despertado, o que jamais havia sentido, ou se quer, sabia da existência, de tal sensação, tão suculenta.
Ana Maria, a partir de então, o queria.
Sucumbiu a mais uma vontade, a vontade de ser Ana, ou Maria, quem sabe apenas a Menina, mas que fosse o que quisesse, o seu Lourenço.
...
Minha filhinha, acorde, Ana Maria, é hora de levantar o sol já nasceu a tempos, está no céu e está imenso. Era o que a sua mãe lhe dizia, para ela acordar.
E depois desse, dia, desta noite, das botinhas, a pedrinha, e Lourenço,
Ana Maria, nunca mais foi menininha, e já sabia, o que queria, queria muito, como tudo, sem parar!
"Existem Anas, Marias, Lauras, Sophias, haverão, Marissas, Leticias e Larissas...
Estes sonhos, que as fazem, tornam-as mulheres, e não percebem, desejam o que desconhecem, e brincam de conhecer, os ímpetos, seus amados desconhecidos..."
.
D y a n e P r i s c i l a
"Sou uma mulher. Um grande coração. Uma sôfrega alma, que é incansável em sua busca por aprender. Sou insaciável,sempre quero o algo mais que tens a me oferecer. Sou feita de sentimentos, porto-seguro de mim, conheço meus medos, erros e anseios. Sou movida pelo o que sinto(amor-felicidade-tristeza- saudade-medo)...Sou movida pelos meus desejos."
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03:47
Marcadores: Ana Maria. lourenço, fala mansa, Querer, verdes
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3 comentários:
Que gostoso este texto de meninas/mulheres Day!!!
Quero maaaaaaaaaais!!!!!!!!!
Estou com texto novo também.Apareça!
B.E.I.J.O.S
Lindo conto Day!
O que diferencia meninas de mulheres,acho que certamente são seus quereres,ou melhor uma menina quer o que não sabe,uma mulher sabe bem o que quer!
Isso que nos torna na vida ora mulheres,ora meninas,todas já fomos Ana Maria,todas ora somos de fato Ana Maria!
Você descreveu muito bem algo do qual já proseamos horas a fio né?!
A magia de uma pessoa ser pra você,o que você quer,mesmo sendo inconvencional,não deixa de ser real não é mesmo?
Não deixo de viver em tal momento de minha vida,um momento Ana Maria.
Continue,seu blog salva internet em tempos de tédio!
Beijos Vizinha querida!
Oi, Priscila!
Essa sua Chapeuzinho Vermelho faz suas descobertas de forma viva e juvenil.
Bom o conto, com alguns momentos de fluidez poética interessantes.
beijos,
Marcelo.
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