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- - - La femme





Atrevida a setenciar seus dias, calada e aflita. Persegue a felicidade como uma divindade sumida.

Um não pertencer que lhe afugenta a alma, como não estar plena, serena e calma.

Vai percorrendo os dias, e eles à ela são intensos em suas horas intermináveis.

Quantos serão os sonhos em despedida?

E os que chegarão ainda alucinarão seu coração com batidas cadenciadas a calmaria.

Já não se sabe, de quantas faces se faz essa personalidade esquisita.

Mas já não teme a si, e aceita as dores que lhe cabe. Duvidável são as palavras, ainda divididas, entre o querer e o não saber o que quer. Está tentando dizer ao mundo quem é.

O que lhe importa o que pensarão sobre tudo que aprendeu sobre as dores, e as angústias intermináveis. Já não lhe darão razão e será como se estivesse morta.

Ela não morerrá, mesmo que seu corpo finde as mazelas humanas, e se entregue a uma enfermidade qualquer, há tantos males, mas nenhum irá abalar tudo que construiu sem perceber, um castelo de verdades, com marcas imensuráveis, de tentativas, frustrações e conquistas. Existe um coração e isso basta. Existe a razão e ela lhe questiona o bastante, para saber, onde ir e quando parar.

A vida lhe parece uma sentença de morte, florida. Um corredor de paredes densas, e altura que não se sabe onde chega. É um caminho fechado com uma única saída, mas não há controle o bastante para decidir a hora que tudo irá terminar.

Sem demorar e nem se apressar, ela digere cada ato indigesto, singularidades antagônicas, que confessa, que só se aprende com o tempo. Ela aceita os abusos da vida, ela permite o estupro de sua alma, sente prazer na dor e em sua melancolia. O prazer maldoso, que lhe atribui sabedoria. Ela é uma fêmea de pureza inata, e de força surrealista. Uma obra moderna, que Deus deu vida.