02:05

- - -De quanto tempo se faz uma vida




6:30.
Então você desperta de um sonho que não quis sonhar, abre os olhos alerta, querendo acreditar que não fora realidade, apenas um devaneio.

O sonho estava bom, e você mente para si, afirma a mentira e acredita.

De quantos sonhos se faz um mentiroso?
De quantas frustrações se faz um iludido?

Para essas perguntas restam apenas outras perguntas e você continuará se questionando, como se não fosse, mentiroso e iludido.

Volta a dormir tranquilo, sem receio, mas com um prazer malicioso de cada uma das cenas que até a pouco via em seus sonhos.

Existe um desejo fugaz de que o sonho continue, mas após tanto desprezá-lo, sabemos bem, que ele tinhoso, jamais voltará para o subconciênte de uma mente que mal aceita o que verdadeiramente quer.

6:35
Em pouco tempo se apaga e se alimenta imensas vontades.
De quantas noites se faz uma vida?
De quantos pesadelos se vive a realidade?



19:44

- - -Dizer



Imperdoável é o meu silêncio, não falar é estar nua de mim, despida e abandonada ao relento, das atenções que me alimento. Saber e não dizer é como uma morte escolhida, suicídio nada tranquilo. Há pessoas que são caladas, mas eu não aprendi a ser assim, e quando eu o sou, não sinto muito orgulho, as palavras inevitalvelmente me escapam, fazendo de mim um certeiro alvo, de reclamações, angústias, pesadelos e desabafos, prefiro assim, minha boca, as pessoas, as palavras e os sentimentos, são a parte perfeita de mim.

Assim como os risos, e as lágrimas que atrelam-se em desatino com cada coisa que eu digo, não gosto de frases sem sentido e de sentimentos ignorados, o belo vai do triste ao feliz, e a verdade, é que me cabe um silenciar apenas quando gargalho, ou quando os soluços atingem-me abruptamente. Conto histórias sem fim.

-- Vou fazendo do cotidiano um roteiro leviano, mais sentimento e leveza, mais pureza para viver enfim. - é preciso ter alma, é preciso ter calma, e não espero que me entendam, tampouco compreendam, as sutilezas que inflamo dentro deste ser que habito.

Pegando fogo eu grito, ardendo em sentimentos clamo: Estejam por perto, estejam quietos, ouçam-me.

As palavras me ardem à alma, as palavras me invadem e outrora ainda acreditei não ser assim.
Não desejo que sintam minha dor, e um pouco egoísta que sou, não pretendo que meu prazer em dizer seja compartilhado. Palavras são atos, desenhados, imaginados e sonhados. Ardentes!

Me envolvo sofrêga em prazer, há palavras que fazem doer e outras que de tão loucas me empregam um prazer libidinoso e voraz.

Vou dizer sem dizer; vou dizendo...