Estou brincando e me divertindo, escrevendo sobre as mazelas humanas, que tomam os dias que se sucedem pela vida. Repetidamente vou delineando os pesares, as maldades, as saudades, todos os sentimentos e os sentidos, que não são tomados, e as escolhas que são dadas a cada um pelo destino.
Percebo que nesta brincadeira, vou conhecendo o desconhecido, vou me tornando mais forte, vou me fazendo mais sábia. Percebo as diferenças, entre os seres, percebo as nuances das delicadas sensações humanas, e vou vivendo-as sem vivê-las.
E assim também, cometo os erros imperdoáveis, sem ferir a ninguém e ferindo o que me é suportável, a dor desta brincadeira não me incomoda, me transporta para um estado superior.
Quando crescemos aumentamos e restringimos nossa visão. Aumentamos pois a vida deixa de ser um conto de fadas, e restringimos, pois nos limitamos em poucos sonhos. Quando brinco de escrever, eu vou além do que toleram os adultos, viajo no espaço da infância e da maturidade, tornando realidade e dando cor as sensações intangíveis de alguém que não se permite, sonhar, que não se permite sofrer.
Escrever é ser criança, é ser adulto, é ser a fada e o monstro que assombra os sonhos, sem temer.
Nessa brincadeira irresistível, vou seduzindo à mim, emocionado a minha vida, alucinando dentro de um sobriedade envolvente. Escrever é terminantemente, minha loucura permitida, meu vício irreprimível, meu desejo lúcido e latente, as vezes nego meu desejo em brincar, mas quando brinco, o prazer é inegavelmente o meu maior deleite ao respirar.
1 comentários:
"...e vou vivendo-as sem vivê-las."
O que seria o escritor,como diria o grande poeta Pessoa,senão um grande fingidor?
A gente sente dentro de nosso pequeno e ao mesmo tempo vasto mundo,pequeno na realidade e vasto nas ilusões,a gente vive não vivendo,parecendo narradores de uma estória que não a nossa e assim,acabamos por escrever a nós mesmos.
Para quem não sabe o que fazer,uma ilusão mais que interessa viver.
Lindo Day,sensível e belo como você!!
Beijão!
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