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- - -Cortinas e escolhas



Ao fim do dia, sou apenas a mesma pessoa. Quando meus olhos se abrem e as cortinas do dia se fecham, demonstrando que o espetáculo se encerrou, estou eu sozinho observando o caminho de estrelas que se fazem em um céu que sempre está lá, mas nem sempre sou capaz de observar.

Não há como fugir, e por mais que eu queira, certas coisas jamais seram como eu gostaria, e o próximo dia irá se aproximar arrebatador, e o que farei eu se não houver mais esperança, e nem mesmo uma fagulha de crença de que eu, assim como tudo, pode mudar.

Os dias seram uma sequência repetida?
E os sonhos apenas sopros de ilusões malditas?

Eu já não sei o que esperar da vida. Ao me observar, perplexo. Existem emoções contidas, e outras que julgo conhecer, mas temo pela verdade, existe apenas a teoria.

O quanto sou capaz de ser feliz, ainda é uma idéia vaga. A felicidade é uma espaço desconhecido, do qual, exijo tantas maravilhas. Seriam elas utopias?

Faz um tempo que não sinto a paz necessária, para fechar meus olhos cansados, deslumbrados, cheio de vida.

Movido a uma velocidade incompreensível por inquietas paixões perturbadoras, ainda posso senti-las, mesmo que dia-a-dia, uma a uma, esteja se quebrando dentro de mim, e espalhando-se como larva quente queimando-me, e com minha paixão tento mantê-las desta maneira, por maior que seja a dor, por maior que seja o ardor, pois melhor que sejas assim, antes que tudo vire rocha, cinza, dura e sem vida alguma. Pedrificando-me, deixando apenas o desenho do caminho em dores e dramas.

Até quando minha paixão resistirá, os caminhos são poucos, a coragem é surpreendente, há forças que até mesmo eu desconhecia, mas quieto, ao fim do dia, sendo apenas quem devo ser, fecho meus olhos, em um rompante amedrontado, tentando fugir da inevitável verdade, de que a cada amanhecer, a chama reacende, mas se a apaga pouco a pouco em todo anoitecer.

Não há escolhas a fazer, apenas a certeza de que, posso morrer queimada em paixão, ou endurecida em solidão.

2 comentários:

Renato Alt disse...

Impossível, ao ler isto, não lembrar de Neil Young: "É melhor queimar de uma vez do que apagar-se aos poucos"...

Beijos

Camilla M.de Godoy disse...

Mais impossível que lembrar-se de Neil Young,o que de fato é verdade,é lembrar-se de mim mesma,e sentir que a solidão se derrete esperançosamente na idéia de que não,não estou sozinha em meio de meus delírios,e sim,desejo para nós mais que fagulhas,mas chamas que consumam nossa vida de vida que vle a pena ser vivida.

Lindo!

Beijo!