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- - - Extremos





" Tenho chorado as mais dolorosas lágrimas, e tenho despido meu ser de egoísmo. Estou procurando um sentido, algo em que eu possa acreditar e me apoiar, para crer que as coisas serão diferentes, acreditar que o mundo não está ausente de si, e que existem muitos corações que batem sofrendo dores que não são suas, e que em desespero demonstram sua compaixão mesmo que adormecida."


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Os pecados ainda são os mesmos, e o monstro que nos assombra é o descaso e o medo que pairam, todas as vezes que nos questionamos, quando será a nossa vez, e quem será por nós. Dúvida cruel. Talvez!

E talvez o tempo, a vida, e o destino só estejam esperando a nossa vez de dizer, que não deixaremos quem sofre sozinhos, e que doaremos mais do que dinheiro, talvez seja a vez de aprender que o que precisa ser doado, é atenção, tempo, carinho e amor, talvez seja isso ainda mais do que tudo, ainda mais do que milhões, ou bilhões se querem saber, a dor não se cura com indiferença e investimento. Uma casa reconstruída não abonará jamais a perda de um filho.

E hoje estou bem, e estamos bem, convivendo com a distância confortável das dores alheias. Desmoronamentos, terremotos, enchentes, seca. Extremos. Milhares chorando, e outros tantos desfrutando de um conforto cruel, não por terem mais condições, ou não terem o azar de sofrerem com alguma catástrofe, mas cruel por serem indiferentes e ausentes.

Assistimos repetidamente imagens de sofrimento, crianças chorando, perdendo mais do que a felicidade, perdendo a esperança, vendo sua infância debruçada a desgraça. Vemos mães implorado por alimento, vemos pais em desespero, solitários buscando por suas famílias perdidas. Sem dignidade, sofrem.

São as cenas do presente, de um ano de 2010 que nem para todos começou como deveria, para aqueles que comeram lentilha, pularam as sete ondas, brindaram com champagne, ao passar de alguns dias, os fogos de artifício se apagam e no silêncio de uma reflexão solitária ecoará as vozes da agonia.

Seremos assombrados por nossos próprios pecados, e a única forma de estarmos livres é nos entregarmos à algo sem definição clara, mas que seja muito maior do que nossas futilidades de todos os dias. Talvez seja a sua vez de fazer e ser diferente.







1 comentários:

Camilla M.de Godoy disse...

"E há tempos,nem os santos,tem ao certo a medida da maldade,e há tempos são os jovens que adoecem.E
há tempos o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos,e so o ACASO estende os braços á quem procura abrigo e proteção..."

Tive que citar essa música,Renato com sua sensibilidade disse algo que eu sinto e achei compatível ao seu belo texto enredado de uma emoção genuína e uma beleza bem tua!
Beijão!