04:11

Longe de mim



No passado estavam,
as palavras,
os sentimentos,
e as pessoas.

Todas estavam,
e ecoavam,
no dia-a-dia,
que certo eu tinha.

Eu era,
quem tinha que ser,
a pessoa criada,
pela vida,
pelas pessoas,
profanas ou benditas.

No passado,
haviam fatos marcados,
demarcados pela rotina.


Eu fui pouco,
e não sabia.

Não era,
não havia,
não falava e
não ouvia.
Proseava e rimava,
incertezas caladas,
pelas certezas que eram me dadas.

Eu era,
quem tinha que ser.

E essa obrigação me consumia,
me dissolvia entre as ruínas,
do que me apresentavam como vida.

E esta eu engolia,
a seco.
Sem uma dose de vinho,
ou quem sabe até mesmo de pinga.

Não esquentava,
não esfriava,
não sentia.

Faziam-me engolir sem sentir,
travando por entre minhas entranhas,
o estranho ser que por costume,
costumei-me a ser.

Acomodei-me,
no vazio de simplesmente existir.
Sem perceber.
Eu era apenas,
quem tinha que ser.

2 comentários:

*Carol Porne* disse...

Lindo poema Dy!
Suas palavras nos envolvem tanto que nos transportam para dentro de vc, dentro da sua mente e coração.

Bises ma amie!

Marcelo Novaes disse...

Oi, Pri!
Proseava e rimava
incertezas caladas
pelas certezas que me eram dadas.
Só esse toque.
Um texto nada apático sobre a acomodação, a "moldagem"
às contingências sob a forma de anestesia. Gostei bastante, Priscila!

Beijo,


Marcelo.