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Remédio e Veneno

"Palavras, remediam almas e envenenam vidas"


No espaço invisível das palavras despejadas pelas bocas, tantas vezes, limpas, outras tantas imundas. Saem mais do que palavras, saem frases e sentidos muitas vezes peculiares.

Cada pessoa carrega consigo uma maneira de se expressar, algumas nos vêm, com docês e sublimes palavras, bem escolhidas, decorrem pela boca, como flores, com um delicioso perfume que nos gera uma sensação de bem estar, por mais duro e objetivo que seja o sentindo. Existem aqueles que transmitem toda a sua individualidade, autenticidade e força, através do que falam, e calam simplesmente por se expressar. São grandiosas as palavras no poder destes que em sua retórica, ousam calar, sem esforço, sem nem ao menos notar.

Oralmente, sensibilizamos, magoamos, afrontamos e estilhaçamos um amar. Com doses incisivas, ousamos, nos desmascarar. Há quem não julgue as palavras como um dom, mas há quem brinque com elas e desmorone mundos internos, subverta sentimentos, disfarce suas farsas, faça de si e do outro o que quiser. As palavras quando proferidas, são feras selvagens, muitas vezes indomáveis para tantos, que não compreendem sua natureza. Fazem estragos e se alimentam de tudo aquilo que se oferece, e quantas não são as coisas se oferecem, um coração, um amor, uma saudade, amizade, quiçá. Podem ser tantas as oferendas que uma palavra virá, a se alimentar.

Quando fala, pensas, antes. Quando ouves,sabe onde usar? Esses são fatores vitais para se preocupar, em todo e qualquer comunicar.

As palavras são feras, e os ouvidos e seus sentidos, são bichanos amedrontados, que se assustam e se recolhem a qualquer pequeno considerar.

Um dia da caça, outro do caçador, a cadeia comunicativa, condena quem não a sabe respeitar, você que se julga sabido, outros tantos vai encontrar, será alvo fácil e pequenino, que poucas palavras podem lhe derrubar, será devorado e deixado, por alguém, que só o fez escutar. Por sua falácia, fez-se presa. Sem se notar.

Há perigo, não a méritos para quem simplesmente lança palavras aos ventos e não as toma, de forma que se ponha a pensar. Pode ser como um remédio que condena qualquer dor e sentimento, ou um veneno, que atinge as entranhas sentimentais, e a destrói pouco a pouco, a cada dose recebida, não só de quem a recebe, mas também de quem a cria.
Quando falas, estas a remediar, ou a dilacerar, suas doses, mais cedo ou mais tarde, irão lhe curar, ou lhe matar, pouco a pouco, descubra. E permita-se somente remediar.

1 comentários:

Marcelo Novaes disse...

Priscila,
Legal essa reflexão filosófica sobre a comunicação. É uma pequena crônica reflexiva, no estilo daquelas dos bons jornais.Tematicamente falando.Em termos de estilo,podemos conversar sobre alguns detalhes, verbos no infinitivo o tempo todo para descrever ações..., algo a ser pensado, talvez.Tudo bem. É bem legal o conteúdo, revelando que você se preocupa bastante com a LEGITIMIDADE da palavra enquanto busca da expressão mais íntegra possível, honesta, que tente traduzir o que a pessoa de fato enxergue. NÃO AOS MALABARISMOS VERBAIS, NÃO AO USO DA PALAVRA COMO ARMA OU FERRAMENTE DE ASTÚCIA, NÃO AO SOFISMA,NÃO ÁS "MANHAS", tudo isso está alertado na tua crônica. Isso e uma discussão clássica da Filosofia e da busca da verdade. Isso é a busca de Sócrates, por exemplo.


Beijos,

Marcelo.