04:54

Remédio e Veneno

"Palavras, remediam almas e envenenam vidas"


No espaço invisível das palavras despejadas pelas bocas, tantas vezes, limpas, outras tantas imundas. Saem mais do que palavras, saem frases e sentidos muitas vezes peculiares.

Cada pessoa carrega consigo uma maneira de se expressar, algumas nos vêm, com docês e sublimes palavras, bem escolhidas, decorrem pela boca, como flores, com um delicioso perfume que nos gera uma sensação de bem estar, por mais duro e objetivo que seja o sentindo. Existem aqueles que transmitem toda a sua individualidade, autenticidade e força, através do que falam, e calam simplesmente por se expressar. São grandiosas as palavras no poder destes que em sua retórica, ousam calar, sem esforço, sem nem ao menos notar.

Oralmente, sensibilizamos, magoamos, afrontamos e estilhaçamos um amar. Com doses incisivas, ousamos, nos desmascarar. Há quem não julgue as palavras como um dom, mas há quem brinque com elas e desmorone mundos internos, subverta sentimentos, disfarce suas farsas, faça de si e do outro o que quiser. As palavras quando proferidas, são feras selvagens, muitas vezes indomáveis para tantos, que não compreendem sua natureza. Fazem estragos e se alimentam de tudo aquilo que se oferece, e quantas não são as coisas se oferecem, um coração, um amor, uma saudade, amizade, quiçá. Podem ser tantas as oferendas que uma palavra virá, a se alimentar.

Quando fala, pensas, antes. Quando ouves,sabe onde usar? Esses são fatores vitais para se preocupar, em todo e qualquer comunicar.

As palavras são feras, e os ouvidos e seus sentidos, são bichanos amedrontados, que se assustam e se recolhem a qualquer pequeno considerar.

Um dia da caça, outro do caçador, a cadeia comunicativa, condena quem não a sabe respeitar, você que se julga sabido, outros tantos vai encontrar, será alvo fácil e pequenino, que poucas palavras podem lhe derrubar, será devorado e deixado, por alguém, que só o fez escutar. Por sua falácia, fez-se presa. Sem se notar.

Há perigo, não a méritos para quem simplesmente lança palavras aos ventos e não as toma, de forma que se ponha a pensar. Pode ser como um remédio que condena qualquer dor e sentimento, ou um veneno, que atinge as entranhas sentimentais, e a destrói pouco a pouco, a cada dose recebida, não só de quem a recebe, mas também de quem a cria.
Quando falas, estas a remediar, ou a dilacerar, suas doses, mais cedo ou mais tarde, irão lhe curar, ou lhe matar, pouco a pouco, descubra. E permita-se somente remediar.

01:27

Pedinte

"Em todo ser há um pedinte, e para todo pedinte há um pedido"


Nas esquinas da vida, dentre encontros e desencontros, estão todos os pedintes. Deles não se tem piedade, apenas olhares que denotam incapacidade, esses falam aos ventos, suas estranhas fragilidades, saudades e ansiedades.

Com a voz mansa, suplicam por um resgate a divindade. Nessas esquinas, não se pede subsídio para a vida material, todas as não conquistas, se deram pelos desatinos da vida, que lhes pregou peças, os levando a solidão, a uma imensidão de coisa alguma, de sentimento nenhum, enlouquecida dependência.

Pudera, são tantos os pedintes, são tantas as necessidades, embora sejam muitas as possibilidades, os que os vêem, negam-se a dar-lhe o mínimo que fora possível. Alguns querem um sorriso, outros tantos um abraço, há àqueles que pedem, palavras com sinceridade, que alguém lhes veja, e os entenda em toda a sua complexidade.

Em um momento, talvez breve, porém de certo o bastante, para se precisar do que não se têm, pedirás ao vazio, suplicarás a si toda a sua necessidade, será apenas humildade. E verá nascer mais um pedinte, você, caído sobre uma esquina da vida, onde tantos transeuntes, transitam, suas imensas vaidades e olham a ti, de forma indiferente, vêem apenas o dom das suas capacidades. É monstruosa essa vaidade.

Onde todos, não são nada, frutos de uma vida imunda, única, onde o que se vê, é o reflexo do espelho, que esconde as fragilidades, que não lhes mostra que a qualquer momento, será um pedinte como aquele que ignora, e rejeita o doar. Um simples sentimento, compaixão ou amizade.



"Em todo ser há um pedinte, e para todo pedinte há um pedido"

01:11

Pretérito


Não me bastou a chance de estar nas possibilidades do amanhã, eu desejei voltar no tempo e relembrar quem fui por tantos momentos que vivi, ou pelo menos quem eu tentei ser. Quantas foram as vezes que realmente sorri, outras tantas senti, que a cada movimento dos músculos de minha face, uma parte inerte ficava, por não saber o que se tanto movimentava e nada dentro de mim mudará. Paradóxos cotidianos, que me fazem realmente rir!

Recordei-me que eu cantei no chuveiro e vi bolinhas de sabão subirem aos céu após saírem do sopro de alguém que não conhecia, apenas as via, passarem pela minha janela, e sinceramente sorri, pois desejei ser como aquela, que se fazia, brilhantemente ia, se elevando aos céus, quase a virar uma linda estrelinha que as minhas vistas perdia, antes mesmo de explodir.


Antes que me esquecesse, fugaz me veio a mente a memória do meu acordar, quantas dores eu sentia, por simplesmente levantar, e em pensamentos reclamava, ou invés de constastar, as dores que eu sentia, por uma noite bem dormida, me fazia sentir viva, os meus músculos se contorciam, cada parte minha, acordará lentamente, para mais um longo dia que eu iria desvendar.


Minhas lembranças não findam, existem memórias distantes que me tomam, toda vez que as deixo vir a tona, um deleite de fantasmas lindos ou terríveis que me assombram diáriamente, por eu simplesmente fraquejar, todo dia é uma nova história, o passado é uma prisão da qual devemos nos desvenciliar, foi vivido e bem quisto e já trazemos conosco todas as marcas que realmente nos valem lembrar.

O pretérito está nos meus punhos cerrados que negam muitas vezes o presente e seus acasos, o futuro e seus avanços ilusórios, a esperança do dia que ainda não nasceu, o pretérito, faz de mim um esquisito, fulano, ciclano ou beltrano, um vazio, mais um, que vaga preso no que já não se pode ser alterado.

As estrelas anunciam, mais um dia chegará, é questão de tempo, pouco tempo para que o céu se deixe iluminar e que as memórias se percam, no brilho, que um novo dia irradia, toda vez que o sol anuncia é chegada a hora de recomeçar.
Minhas memórias no pretérito de minha vida, mais um dia para que cada momento se torne perfeito, para que então, eu venha a me relembrar, afinal, não me basta o presente, o passado não contente, sempre teima e regressar!

03:36

Versos mudos

Desde que me haja, um começo
recomeço, sem freios,
com força para alcançar,
tenho devaneios, imperfeitos,
e um silêncio, que vêm para me acariciar.
No que falo, calo, incertezas.
do que não digo, resta, apenas,
a certeza, da pureza,
da plenitude de um silêncio,
a inquietude de um momento,
cheio de riquezas.
Eis meus pensamentos,
palavras não pronunciadas,
por minha alma já marcada,
por uma longa jornada.
Recém nascida de todo dia,
que tantas vezes desatina,
e clama por um guiar.

06:07

Do que não era, há de ser


Era, do tempo que não era.
Forjados sentimentos,
uma breve quimera.

Devaneios, outrora,
foram os meus anseios.
Motivos infinitos oriundos,

de um abismo,
claro e perfumado,

onde tudo que era do bem,
se fazia lançado.

Resgatado por mim,
cada motivo de sorrir.
Encanto me fiz,
novamente sorri!


Ímpetos contidos
lépidos abstraídos,
da minha vida bendita,

fez-se flores, alquimia.

Das misturas, delícias,
do meu querer,

mais que bem querer,

toda uma vida, por viver.

04:05

A meus amigos


(Anderson Calixto)

Quando o Nada devora as suas presas
(Toda a energia e o nada que eu já tinha)
Amigos vêm-me aliviar a espinha,
A esperança lembrar, luzes acesas!

Suas almas flutuam nas purezas.
Do extremo Azul, numa constante linha.
Mas ainda corrói por dentro a minha,
que é plena! de ridículas tristezas.

A todos mostro meu sorriso e brinco,
Quero a felicidade transmitir,
Torná-la eternidade com afinco,

Mas nessa brincadeira de sorrir
Palpita como nunca a convicção
De ser tudo que vejo Solidão!...




(Agora além das minhas insanas palavras, poderam contar com a minha deslumbrante(rs) voz)

03:12

Ela e Ela



Em um noite silenciosa, onde havia apenas em um leito doce e macio, ela e ela.Contendo seus pensamentos, profanos, abstratos e maliciosos.
De minuto em minuto, lascívia, transbordava por entre o inferior de seu corpo, quente.
Desejava ser tomada, como merece ser uma mulher, amada, como se fosse a última flor, em um jardim de espinhos, o seu cheiro, recanto de acalento, puro desejo. O seu gosto, provado por si, para sensorialmente satisfazer-se plenamente, desejava o seu sopro instintivo de agonia por prazer.
Tateava-se, buscava, o ponto de máxima, absoluta obtenção de seu ser, deseja à si, como se fosse outra, a quem buscava dar o melhor que pudesse fazer.
Entregava-se aos seus delírios, risos, calafrios e desatinos, suspiros, um fechar de olhos, para elevar-se e ter-se.
Elas, em um mundo distante, de corpo e alma, abundante prazer, ela fazia de si, objeto da luxúria, contentamento do amor próprio e conhecimento sobre cada parte do "mim".
Ela dizia sobre si, palavras sussurradas, intercaladas, pelo tom silencioso, dos momentos de encontro pleno, tremor contido de suas pernas, elas, entreabertas, para de si receber, o possuir de seu carinho intimo, que a elevará,ao gozo de seu libidinoso tesão em se ter, em uma noite silenciosa, ela e ela, somente se fizeram em prazer!



Ps* "Pequena dose de ousadia, em palavras saborosas, talvez pouco objetivas.
Mas que trazem uma perpectiva quase poética, dos impulsos de um corpo e uma alma completamente femininos

03:25

As monotonas fantasias de João e Maria


Aurora que nos trás,
ser fantasioso,
um sonho.

Seguindo de dias,
frutivos, para alegrias
O sorriso estampa a harmonia,
o desejo de ser,
é o que permite ter.


Pierrot e Colombina,
alerquim para o outro dia,
festejamos e dançamos,

aos sons dos delírios de uma vida

Não há hora para parar,
é preciso aproveitar,
pois antes que a noite rompa,

e traga com ela a quarta que finda,
estes sonhos,
e esta libertina euforia.


As máscaras caem,
a fantasia se desfaz,
volta a realidade,

dura de todo dia,
Onde João é João
e,
Maria é Maria!

00:12

Paradóxo mundano

Dois mundos,
onde há de mim o que a de ter.
Em paralelo ausente,
silencioso e eloqüênte,
as verdades que desmentem,
tudo que busco ser.

Um mundo é como o ar,
vital e invisível,
sentimos, usufluímos
Esta para nos bastar.

Outro, é sólido, verdadeiro
subtancialmente firme,
como a terra que eu faço pisar.

Está em mim, o paradigma
das diferenças infinitas,
paradóxo universal,
do mundo de cristal,
a idéia surreal,
que teima em não se fazer desacreditar.

Eu vou ser do mundo,
criar e recriar,
viver as utopias, e fazer-me realizar
as histórias de um mundo idealizado,
realizado,
eu vou contar.