20:17

Dele em mim

O enterrado vivo

(Carlos Drumond De Andrade)


É sempre no passado aquele orgasmo,

é sempre no presente aquele duplo,

é sempre no futuro aquele pânico.


É sempre no meu peito aquela garra.

É sempre no meu tédio aquele aceno.

É sempre no meu sono aquela guerra.


É sempre no meu trato o amplo distrato.

Sempre na minha firma a antiga fúria.

Sempre no mesmo engano outro retrato.


É sempre nos meus pulos o limite.

É sempre nos meus lábios a estampilha.

É sempre no meu não aquele trauma.


Sempre no meu amor a noite rompe.

Sempre dentro de mim meu inimigo.

E sempre no meu sempre a mesma ausência.

1 comentários:

Camilla de Godoi disse...

Sempre bons autores!!
Sempre bons textos!
Essa é a vizinha mais poetisa que eu conheço!!!
te adoro e é assim que eu ando me sentindo,enterrada viva...
adorei o poema complementar no meu post^^
beijão dayzita!!!