05:36

- - -Cortinas e escolhas



Ao fim do dia, sou apenas a mesma pessoa. Quando meus olhos se abrem e as cortinas do dia se fecham, demonstrando que o espetáculo se encerrou, estou eu sozinho observando o caminho de estrelas que se fazem em um céu que sempre está lá, mas nem sempre sou capaz de observar.

Não há como fugir, e por mais que eu queira, certas coisas jamais seram como eu gostaria, e o próximo dia irá se aproximar arrebatador, e o que farei eu se não houver mais esperança, e nem mesmo uma fagulha de crença de que eu, assim como tudo, pode mudar.

Os dias seram uma sequência repetida?
E os sonhos apenas sopros de ilusões malditas?

Eu já não sei o que esperar da vida. Ao me observar, perplexo. Existem emoções contidas, e outras que julgo conhecer, mas temo pela verdade, existe apenas a teoria.

O quanto sou capaz de ser feliz, ainda é uma idéia vaga. A felicidade é uma espaço desconhecido, do qual, exijo tantas maravilhas. Seriam elas utopias?

Faz um tempo que não sinto a paz necessária, para fechar meus olhos cansados, deslumbrados, cheio de vida.

Movido a uma velocidade incompreensível por inquietas paixões perturbadoras, ainda posso senti-las, mesmo que dia-a-dia, uma a uma, esteja se quebrando dentro de mim, e espalhando-se como larva quente queimando-me, e com minha paixão tento mantê-las desta maneira, por maior que seja a dor, por maior que seja o ardor, pois melhor que sejas assim, antes que tudo vire rocha, cinza, dura e sem vida alguma. Pedrificando-me, deixando apenas o desenho do caminho em dores e dramas.

Até quando minha paixão resistirá, os caminhos são poucos, a coragem é surpreendente, há forças que até mesmo eu desconhecia, mas quieto, ao fim do dia, sendo apenas quem devo ser, fecho meus olhos, em um rompante amedrontado, tentando fugir da inevitável verdade, de que a cada amanhecer, a chama reacende, mas se a apaga pouco a pouco em todo anoitecer.

Não há escolhas a fazer, apenas a certeza de que, posso morrer queimada em paixão, ou endurecida em solidão.

04:11

- - - Conduta amorosa


É tão bom poder te olhar.
Minhas mãos tentam,
mas não conseguem,
não há formas de lhe tocar.
E a distância se parece,
com um muro de vidro.
E a mudez se atreve,
a dizer o que jamais fora dito.
E eu constante sinto,
a ausência de você.
Sofro desmazelado e aflito.
Sobrevivo tentando entender,
como amar posso,
como o querer me devora,
como seu sorriso me aflora.
Imploro sorrindo o seu sorrindo,
ao vê-lo lágrimas de alívio.
Vou amando, querendo e caindo,
na verdade obsoluta de que a saudade,
é a conduta do nosso amor em sigilo.

02:09

- - -Valentina




Sentiu o vento tocando seu rosto, e a sua pele, arrepiava-se, caminhava tranquila por entre as ruas de um bairro amigável, de ruas largas e arvorizadas.

Havia um suave frescor em seus pensamentos, deleitava-se em contentamento, sentindo sua existência branda e fugaz, mas isso não lhe causava tormento, era suave seu existir, e sentia por entre seu corpo, percorrer um leve ardor de paixão por si, tremendamente apaixonante.

Observava misteriosamente os transeuntes, que lhe cruzavam o caminho, traziam lânguidos semblantes, causava-lhe certo espanto, passou a imaginar os ímpetos do destino que atormentavam e desviam a felicidade de cada um que cruzava seu caminho, por um dia ao menos, era capaz de não ser egoísta e avaliar o que estava além de si.

Continuava a caminhar desprenteciosamente por um caminho jamais feito em sua rotina, crianças e seus sons de infância, gritos, risos e murmurinhos. Senhores e senhoras, sentados em suas cadeiras debruçados em suas histórias, desfrutavam de mais uma manhã de sol.

Era estranho o dia, acostumada com a noite figurando devaneios secretos, o sol, não lhe concebia inspiração, ou imaginação, também pudera, quase não o conhecia, mas por hoje, resolvera, vivê-lo e conhecer as horas que se seguiam iluminadas, aparadas por sonhos ainda verdes, por ilusões resplandecentes, como dissera, para si, ela estranho o dia...

Tendo sua visão ofuscada pelo brilho do sol que já não mais cabia no céu de tão grande, tomou a rua oposta ao bairro, indo em direção ao centro da cidade, passos curtos, largados. Carros passavam com sua rapidez agoniante, havia por hora o som da adolescência, risos e mais risos, apelidos, incoerências, sons que passavam desapercebidos, na transição da calmaria para o burbulhão de afazeres e emoções diárias do mundo pulsante. A adolescência, passara em frente de um colégio, garotos e garotas, variando seus destinos, e se encontrando nas esquinas sorrindo, músicas ao fundo, em plena luz do dia, onde tantos viviam calmaria, eles perpetuavam uma semente da noite libertina, convidando os que os observavam silenciosamente para dançar e brindar a vida, que ainda estava sendo descoberta, beijos, abraços, bocas e sonhos. Realidades destruídas talvez, mas seus sons, sempre denotavam esperança.

Seu caminho seguia, agora imbuída do sentimento do desconhecido, ou do esquecido, atormentada por jamais ter se permitido tamanha loucura. Jamais ter experimentado uma viagem tão simples e próxima que não lhe custara nada, apenas a disposição de seu corpo, e de seus sentidos. Respirou profundamente o ar e mal o sentia poluído, era como se tudo houvesse tomado um tom diferente, e a música que ritmava sua vida, houvesse mudado seu ritmo, e agora não mais, levada por seus tons eletrônicos, pulsantes, da música contemporânea, permitia-se, dançar ao som, de uma suave melodia clássica...

...Caminhava,
envolvida por uma vida esquecida, julgada desconhecida.

Passeava por seu passado, e admirava seu futuro, e as possibilidades de vida. Estava em um labirinto mas não estava perdida, apenas não sabia a exatidão da saída, e continuava percorrendo as veias de uma pequena cidade, cheia de deleites e emaranhados sentimentos guardados, para quem os quisesse sentir.

Aguardava sem pressa o momento certo de atravessar uma avenida que dividia a cidade em duas metades, esperara o sinal vermelho, para que pudesse atravessá-la, estaria deixando novamente para trás tudo que a fizera sentir-se viva, tinha certeza que isso jamais aconteceria, e que dali em diante, cada novo dia, faria um caminho diferente, entre o passado, e lugares onde pudesse imaginar seu futuro, instantes duradouros, sinal verde, para a vida.

É o presente, som de buzinas, gente falando, a cidade não mais adormecida, respirava e despertava para seguir seu dia, realista, otimista, sabendo que tudo é muito mais do que parece, que existe beleza, e que o tempo cordenado, potente, mentiu. O caminho é longo, os dias são longos, e existe tanto a se conhecer, e que é imprescindível não se esquecer de reviver as quimeras que no passado existiam, e perpetuar os sonhos alimentando a beleza de existir, atrevessou a rua contente, entrou em um prédio, subiu 22 andares em um elevador moderno, adentrou um escritório com o ambiente tomado por um ar gélido, sentou à sua mesa, despiu sua sala, abrindo as cortinas, e avaliou, o quão grande é o espaço que a cerca, jamais aceitaria o fato de não conhecer tudo que podia, o mundo a esperava ao pôr-do-sol, o dia seguiria, sem mais rotinas, haveria a noite que já a incitava pelas suas supresas...

...E ao fim a certeza, de que haveria outro dia, outra vida, outra Valentina.



19:24

- - - Brincando de escrever




Estou brincando e me divertindo, escrevendo sobre as mazelas humanas, que tomam os dias que se sucedem pela vida. Repetidamente vou delineando os pesares, as maldades, as saudades, todos os sentimentos e os sentidos, que não são tomados, e as escolhas que são dadas a cada um pelo destino.

Percebo que nesta brincadeira, vou conhecendo o desconhecido, vou me tornando mais forte, vou me fazendo mais sábia. Percebo as diferenças, entre os seres, percebo as nuances das delicadas sensações humanas, e vou vivendo-as sem vivê-las.

E assim também, cometo os erros imperdoáveis, sem ferir a ninguém e ferindo o que me é suportável, a dor desta brincadeira não me incomoda, me transporta para um estado superior.

Quando crescemos aumentamos e restringimos nossa visão. Aumentamos pois a vida deixa de ser um conto de fadas, e restringimos, pois nos limitamos em poucos sonhos. Quando brinco de escrever, eu vou além do que toleram os adultos, viajo no espaço da infância e da maturidade, tornando realidade e dando cor as sensações intangíveis de alguém que não se permite, sonhar, que não se permite sofrer.

Escrever é ser criança, é ser adulto, é ser a fada e o monstro que assombra os sonhos, sem temer.

Nessa brincadeira irresistível, vou seduzindo à mim, emocionado a minha vida, alucinando dentro de um sobriedade envolvente. Escrever é terminantemente, minha loucura permitida, meu vício irreprimível, meu desejo lúcido e latente, as vezes nego meu desejo em brincar, mas quando brinco, o prazer é inegavelmente o meu maior deleite ao respirar.





01:46

- - - Um pouco mais vermelho



Alimentando quimeras, sobrevoando espaços não percorridos pelos outros, vou plantando sementes, sonhando com o verdadeiro sentimento de vida. Para mim a humanidade não está perdida, vejo por mim, aqui dentro ainda bate um coração!

São tantos os dias, que findam deixando marcas bem-vindas. As marcas que me orgulho em mostrar, não as escondo, são sorrisos eternos, abraços sinceros, beijos vermelhos de amantes verdadeiros.

A vida está repleta de mim, a vida está repleta de emoções não vividas, emoções que são contidas e não deveríam. Todos deveríamos surtar em delírios emotivos, beijar, amar e acalmar as dores alheias, os medos e temores.

Olhares atentos, percorrendo por dentro o ser que existe em cada um, além do que vemos, existe mais a oferecer, e não é sonho, é realidade passada ao descaso, não devemos continuar assim, sendo, sem ser.

Minhas mãos estão abertas, meus braços estendidos, esperando para abraçar o indescrítivel sentimento de amar. Preferes ser amado, ou odiado sem motivo algum?

Estou amando a quem não me ama, e não sei o que é sofrer.
Estou amando a quem me ama, e isso me alimenta, me bastanto de sentimento, para ser dado como presente, a alguém que existe como eu já não mais existo. Eu vivo!
Vou percorrendo os sentimentos mais puros. Vou vivendo.

Quem julga viver, a ação de fazer, atesta um erro perfeito, mas eu, vou seguindo a linha da imperfeição dos sentimentos, do correspondido ao incorrespondido, sedenta por sentir e não mais mentir a minha essência. Sou humana da cabeça aos pés, mas minha alma, hoje clama pelo amor e pela vida, dei-lhe asas, e vivo liberta das profanidades pequenas, dessa humanidade que tenta sobreviver em misérias falsas, em casos forjados de dor, quando no mundo existem tantos despejando amor.




"Ver que tudo pode retroceder
Que aquele velho pode ser eu
No fundo da alma há solidão
E um frio que suplica um aconchego"
Vermelho- Vanessa da Mata

03:11

- - -As lindas também peidam!



Em todos os lugares estão elas, as mulheres que fazem os homens ficarem de boca-aberta, com suas pernas delineadas, curvas perfeitas, pescoço alto, colo sedutor, cabelos sedosos como os dos comerciais de Tv. Exalam J'adore, é são as mulheres Dior. Gucci também, e por que não Dolce & Gabbana ?

Vestem-se sempre como se estivessem indo para um encontro perfeito, sedas, malhas finas, decotes ousados, mostrando e ressaltando tudo o que há de mais magnífico, criação divina!

Quem dera todos os homens que as observam tivessem alguma chance de trazê-las para perto deles. Essas mulheres são o sonho inalcansável, de todos os seres comuns, réles mortais, que satisfazem-se admirando-as, e imaginando os delírios mais incríveis.

Loiras, morenas, ruivas, negras, asiáticas, belezas diferentes que se completam alimentando os sonhos masculinos. Homens, são sonhadores, ainda mais quando se trata de mulher, e eles fantasiam os absurdos que os fazem gozar mais intensamente em suas noites solitárias.

Elas são sempre sensuais, sexuais, exuberantes, marcam cada passo e cada movimento, como se estivessem sendo fotografadas, pausam no seu melhor ângulo, mãos, dedos, cabelos sempre bem posicionados, são como uma linda pintura.

Mas digo à todos vocês, mulheres lindas também peidam!
E para vocês homens compreendo, essa realidade é dura.

Mulheres lindas, perfeitas, cagam, e garanto que se for necessário passam mais de 30 minutos dentro do banheiro e após saírem, restará apenas aquele cheiro.

Quando você a ver passar jamais será capaz de imaginar que a linda mulher que o deixa excitado apenas em observar seus passos, acabou de soltar um gás tão letal quanto o seu após ter comido aquela feijoada, mas ela desfarça faz cara de garota propaganda Calvin Klein!

E agora acredito que o sonho de vocês, será um pouco modificado, se um dia tiverem a chance de se relacionar com elas, acreditem, elas não ficaram em casa, os esperando com a sua melhor roupa, estaram com máscara facial, bob no cabelo, unhas borradas acabadas de pintar.

Afinal, para estarem na rua alimentando os sonhos alheios é preciso se preparar!

Homens saibam:
Mulheres lindas são como sonhos, que se desfazem. Roupa, cabelo, maquiagem.
E o que existe de verdade, é uma mulher comum, com sonhos e anseios, com dramas e TPM. Mal humor e bafo ao acordar, dor de barriga e necessidade absurda de peidar!

Mulheres perfeitas são como gases, se espalham pelo ar e deixam aquela vontade...