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27 comprimidos

27 comprimidos, para aliviar o perigo, de viver, ser incompreendida, de correr os riscos de estar em desatino.

O desaparecer, levará aos outros, conforto, por não mais ter que culpar a culpada, pela queda das pilastras que sustentavam, o insustentável, mundo de fazer de conta, que está tudo bem, que a vida é sempre Ok, que o importante mesmo é sonhar.

Ela não pensou em pensar, fez do momento o sopro para desabrochar as fraquezas que nela existiam, chorar, gritar, aliviar o seu físico não bastou, a dor do mundo, parecia ser somente sua, por medos, medos e medos. De que seu castelo se desfizesse, e sua vida, mesmo que penenina.

Então ingeriu cada um deles, os 27, sem se dar conta dos estragos que certas substâncias a fariam, tomava, como se fossem pílulas de qualquer coisa, que a faria, fortalecer, ignorar. Mal sabia, que sua vida condenaria, a um depender de se fortificar, elevou-se ao nada, alguém sem forças para encara a vida de frente, por medo, de fraquejar. E este medo tão intenso a levou a cometer um dos piores erros, que poderia imaginar ela tentava incoerentemente se matar.

Sentiu seu corpo, não mais sob seu controle, sentiu seus olhos começarem a cerrar.
Viu vultos e começou a imaginar que tudo estava ficando tranquilo, que o que vivera era apenas um sonho e que a forma ruim de enxergar era apenas seu acordar. (Mal sabia, estava prestes a entrar em sono profundo, o qual ninguém sabia quando e se iria acordar).

Dias depois despertou daquele sonho de estar sofrendo, e se ver sofrida se perdendo em desatinos.
Acordou em um hospital, onde sua família, a acompanhava dia-a-dia. Se questionou o que lá fazia. E eles a disseram, que ela tentara dar fim a própria vida.

Ela já não sabia, qual era o valor de viver para si, perdeu-se em pensamentos, para tentar entender, se viver é tão valioso, por que em um subíto instante, desfez de tudo que tinha, para jogar-se no precipício de morrer?

As respostas de alguém fraco, que buscava friamente acabar com a sua própria dor, um egoísmo fundamentado no não pensar, deram espaço agora, para desprazeres de outrora e uma sensação muito maior de impotência, pois mesmo quando escolheu morrer, viu-se acordando e se perguntando o que fizera, e percebeu que não conseguiu cometer o assassinato às suas fraquezas e que agora mais do que nunca estava condenada a ter que tentar crescer e aprender.

2 comentários:

Marcelo Novaes disse...

Oi, Priscilla.
Tudo bom?!
Mantendo a chama da escrita acesa?!
Essa moça do seu conto já devia ter tomado uns três comprimidos, porque não existe frasco / caixa com vinte e sete... Melhor faria ela se permanecesse na dose anterior, sem as fantasias de um "apagão bem-feitor", o de deslizar suavemente para um paraíso ou um jardim-chamado-morte.
Você a critica ( a personagem é sua, e você a critica! Fazer o que?! Ela tá sem ninguém mesmo!), como que dizendo, com suas próprias palavras, que "desertar do jogo ( ou virar o tabuleiro) não faz parte das regras do jogo". Okeio.É um texto de padrão de qualidade Lady Priscilla.

Beijos,

Marcelo.

Pink Poison disse...

Passei por isso algumas vezes, mas não foram 27, foram muitos mais...