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Fortaleza





"O quarto, mundo encantado, quatro paredes de você em você"

Abriu os olhos, e apenas uma larga faixa branca enxergou, os fechou novamente, respirou calmamente, como quem quer sentir cada milímetro cúbico de oxigênio que invade seu corpo, até serem tragados por seus pulmões, e deliciou-se com mais um instante de vida.

Alongou-se de forma, que sentiu os estralos de seus ossos, que o levaram a uma sensação de força e existência, se movimentando, seus músculos que despertavam, geravam, uma sutil mistura, de agonia, dor e prazer.

O branco que via, era a tinta que encobria as rachaduras e o mofo do seu céu de mentira, era seu teto, que em momento algum, estrela se via. E nem mesmo ele o protegia, das tempestades que todo novo dia, poderia trazer e consigo fazer estragos, que levariam tempos para serem reparados. Existencialmente, toda tempestade deixa um ser por muito abalado.

Esse teto transformara seu espaço em uma simples caixinha de surpresas, que nunca nada é revelado, não a sustos com palhaços, ou lágrimas com emocionadas imagens, é um espaço fechado, de vivências inusitadas, onde choros, sorrisos e por que não gemidos, são dados. Pensamentos são elevados a sentimentos, questionamentos se fazem verdades, ilusões caem por terra e trazem infelicidades, o desejo é compartilhado, a solidão é cultivada, por este teto, nada escapa, tudo fica condenado a ser vivenciado. Espaço infinito, completo de tantas possibilidades, pequeno e profundo em sua diversidade, neste lugar não fica pela metade, está cheio de si, sendo profano, ou ícone de divindade. Este lugar agrega tamanha liberdade.

Do que via sabia, que seu complemento existia, era apenas deixar-se encontrar, neste espaço fisicamente pequeno, invariavelmente possibilista, sempre teria onde procurar, era um dia que começava, e outro que findara, neste mesmo espaço repartilhavam a dor do fim, e a felicidade do começar.

Seus olhos abertos, para mais um dia, janela distinta de uma alma conturbada ou sublime, se prepara para as durezas deste mundo, cenas que causam dor, momentos de indiferença, inércia pelas incongruências de desatinos que são tidos como fortalezas.

Mais um dia começa, não quando se desperta, nem quando a alma inquieta tende a se questionar, delirar, sonhar.

Entra no tempo cronológico, da vida ilógica, que leva sem reclamar, quando abri e se retira, de sua caixa tantas vezes pequenina, mas vasta, que o permite se libertar, esteja acordado, ou esteja a sonhar!


"O quarto, mundo encantado, quatro paredes de você em você"

3 comentários:

Marcelo Novaes disse...

Oi, Lady.
"APENAS uma LARGA faixa ele enxergou". Bom..., poderíamos dizer que ele respirou PROFUNDAMENTE porque NÃO queria sentir cada milímetro cúbico de ar em seus pulmões...Paradoxos e contradições sem fim é o que experimenta o personagem, e assim é a realidade que você retrata, calculada ou inadvertida(divertida?!)mente.
Querida, esse é um texto do homem "preso em si mesmo", irremediavelmente confinado em si, com uma fresta aberta para a possibilidade do sublime, que é aquela típica reflexão do existencialismo anos 40 .Um pouco mais otimista a sua. Não fosse eu um cara mais vivido, poderia me perguntar se uma jovenzita como tu poderia, de fato, experimentar tal confinamento existencial, mas é claro que a resposta é sim. Em si, ou na pele de seus personagens.
Um livro me veio em mente: "O Outsider" de Colin Wilson, Tradução para o português pela Ed.Martins Fontes. Em português é "O Outsider", assim mesmo. Um homem "fora-de-lugar" mesmo dentro-da-própria-pele.

Beijos,

Marcelo.

Aline Ahmad disse...

Nossa... 18 anos!?
A alma dos que escrevem não tem idade... Deve ser isso.
Ao ler seu blog primeiro me perguntei "será que ela mesmo que escreve?", pergunta que poderia estar fazendo até agora, mas chego a conclusão que sim. Você é muito talentosa! E o telento, o dom, a vocação sempre impressionam. São coisas que nascemos para fazer.

Como chegou ao meu blog? Você está no orkut?

Fiquei muito orgulhosa por ter sido aluna do Progresso.

Parabéns pela sensibilidade que grita em suas palavras!

Beijos de luz,

Aline***

Anônimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu