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Forever Young


"Um pouco mais de crença, espera e amor"


Outono da vida, remete a dias de primavera lasciva, era abundante o prazer, o tempo era bem-vindo, escravo, amigo, oportunista das idéias benditas que tínhamos. Éramos nós, novatos na escola da vida. O importante era enlouquecer, entorpecer-se, de ser. Querer e obter

Nos dias em que nos perguntávamos até quando seria, como era a vida. A resposta, objetiva, se dava, nos dizendo em alto e bom som: Será, até quando tiver que ser.

De tantas incertezas, a vida se fazia a nossa grande fortaleza, o picadeiro de nossas artes. Nem sempre belas, mas todas as vezes verdadeiras, por serem feitas repletas de vontade. Essa mesma vontade, encontrada em cada ato, que por nós tinha uma beleza incomum, transformava-se, em salva-guarda, de dias inférteis, comuns.

Todos queríamos apenas um pouco mais. Uma última dose. Mais alguns tragos, de tudo que alimentava as nossas entranhas virgens.

Incessante, nossa forma de nos manifestar, sempre juntos, avante, constante. Liberdade, liberdade e um pouco mais de insanidade, para vivermos, sem desejarmos matar, uns aos outros, pela ganância, ou arrogância, que cedo ou tarde, viria nos abordar , se dando como presente, fazendo-se necessidade, para aquela tal liberdade da qual sempre ouvimos falar. E não contentes, repetíamos constantemente, em coral afinado, sem contestar, se juntos, tanto quanto, gritávamos, poderíamos desfrutá-la, sem estrangularmos a nós mesmos, os tantos sentimentos, que em lépido tempo, aprendemos a semear.

Era o princípio do fim, do nós. O princípio da epopéia do eu e do mim, que tantas vezes, enganou-se dizendo que não era assim, tão cheio de si, cheio do eu, cheio de mim.

Buscaríamos, não mais coletivamente, quiça, de forma tão obstinada, o que a vida nos reserva, e por fim, até nos questionaríamos, a que ponto ela, aguardava, que chegássemos, cansados, inertes, ao seu resultado de findar.

Percurso sinuoso, com momentos tenebrosos, que nos fariam desejar cessar, descansar de si, do mim, das escolhas que fizemos, e simplesmente relembrar (cry baby), é hora de viver, a vida está na primavera que se foi, na mesma que não voltará.

4 comentários:

Marcelo Novaes disse...

oi, Baby.
"Entranhas virgens" são gulosas mesmo...Desejo infinito é abismo, flerte com a morte, como até Durkheim já sabia. É poço sem fundo. Buraco negro.E nunca leva ao nós, mas devolve ao "eu", ou ao eu-boiando-num-vácuo-de-promessas-e-irrealidades-e-irrealizações.Desejo sem fundo aguça o egoísmo, e não permite esse congraçamento suposto.

Beijos e abraços.

*Carol Porne* disse...

Adorei seu texto!

Uma época tão rica, tão nova, merece ser retratada desse modo, como se ainda estivesse na nossa frente. Perfeito!

Fiz meu cadastro no Recanto...e atualizei o blog também...quando puder, passa lá.

Beijos mil...bonne journeé! rs

Renato Alt disse...

Ah, o tempo. Nosso eterno herói, nosso eterno vilão.
Linda reflexão, lindas palavras.

Bianca Feijó disse...

Engraçado, hoje estava pensando nesse tempo desmedido, sem medo...até quando iria durar...durou pouco...e acredito que ele nos deixa mais medrosa.
Saudade disso tudo que escreveu aqui, saudade do tempo que achava que podia tudo.

Lindo, lindo ,lindo Day!

Beijão!