Será o último trago-
- o penúltimo orgasmo,
o suspiro bem dado.
Não, eu não-
-Não me apaixonarei outra vez.
Talvez eu goste dos acasos.
Da crença no predestinado,
eu levo apenas sementes,
não semeadas e mãos que não foram dadas.
Beijos marcados não me agradam.
Espero olhando pela janela,
sol e lua não se encontram,
a briza, e o tempo os separam.
A penunbra do meu quarto,
desnuda minha alma.
E meu corpo está coberto, acalentado.
Os remorsos me assombram,
temo não ter coragem,
enfrendo desastres diários,
mas não acreditarei em faz-de-conta,
que não conta histórias realizadas.
Estórias melodramáticas,
de princesa sem príncipe se repetem e desfazem,
os castelos juvenis ruínas, se fazem.
Eu não serei princesa de ninguém.
Ouço o vento movimentando as árvores ,
meu sangue bombeando meu coração,
pulsação que marca o tempo,
- para esta bomba explodir.
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Eternamente Admirados
Do fato, o ato,
registrado e marcado.
Recordo-me do seu sorriso,
ao despertar em manhãs de chuva. Registro.
E todos os passos que dei em direção ao desconhecido,
o abismo fez-se a minha melhor opção.
De fato, retrato, todas as dores que trago.
De fato, não tolero amarguras, indigestas.
A realidade é o melhor presente,
embrulhado com papel transparente,
cria-se imagens, monstros e fadas.
Idéias ilusórias, são a fuga permitida.
E eu nessa constante corrida,
indo alcançar o inalcansável mundo incrível.
Do fato, fez-se o ato, de sonhar e perder-se.
De fato, fez-se o ato, de perder-se e encontrar-se.
Do fato, fez-se o ato, registro, imaginário, de vida vivida,
sorriso constante, mesmo em manhãs tão cinzas.
E suas mãos, procuravam se aquecer, seu coração palpitava. As horas corriam por entre seus dedos, e elas se entre olhavam. Ela e seu reflexo no espelho. A covardia e a coragem.
A covardia e a coragem, observavam-se. Longos cabelos loiros, olhos lucidamente apagados, e um atraso, que a deixava ansiosa, já estava mais do que no tempo de ser tudo o que queria, mas não sabia ser.
Elas se amavam, e se odiavam em segundos, sentimentos perturbadores lhe tomavam a mente, a fazia questionar onde tudo estava, o lugar exato de cada coisa, animada, inanimada, imaterial, que construiu dia após dia como mundo. Eram apenas farsas, bem forjadas, chamadas de vida.
Havia um olhar hostil no ar, e desejo de dizer as mais duras palavras, todas as verdades que se escondeu na rotina seguida passo-a-passo, durante anos. A disciplina era seu ponto forte, e seu medo, seu ponto fraco. A rotina seguida milimetricamente, sempre a fez, sentir-se segura, ousar um passo fora da linha, passou por sua cabeça algumas vezes, mas ela nunca tentou, o medo, sempre ele a guiando para o caminho demarcado.
Está noite, ela está decidida do contrário, e se olhando, se encoraja, as suas duas faces, rosadas, coradas de coragem. Se perfuma, se apluma, se ama em silêncio e se deixa invadir, olhando-se decide, que jamais será a mesma, e a partir desta noite, nada mais irá dominá-la, além de si.
Ela pertence somente a ela, e o mundo irá seduzir.
Escorrem em mim, entre as dobras e linhas do meu corpo,
sentimentos transformandos em códigos, palavras decifráveis,
mesmo que eu não as entenda.
Cada palavra, tem vida própria, e pulsa como parte de mim,
e toma o branco da folha, da imagem do nada, transformamando...
...cada espaço vazio em um mundo repleto de elementos,
sentimentos.
Escorrem por entre meus dedos, borrando um pedaço do contexto,
as verdades que ninguém conta, as mentiras que todos dizem.
Eu faço apenas a minha parte, deixo-me transmitir o que tiver de ser,
pois quando deslizam pelo meu corpo, tomando, folha, mãos, coração,
não existe controle, eu perco o controle de tudo, e sou apenas um laço,
que liga o tangível com o imaginário, de todos que não conseguem dizer o que sentem,
e todos aqueles que também não sabem, sentir a vida, pulsando, disparada, acontecendo,
frente-a-frente, consigo, com aquele e com tudo isso.
Dentro das palavras, a vida se faz, nasce, acontece e morre.
Gosto do aroma do trigo,
baunilha e lentilha,
cheiro de corpos,
em momento de sigilo.
O gosto do repouso,
do morango sobre a língua,
e do vinho o tom do tempo,
em linhas maduras e intimistas.
Ouço notas opostas,
entre Vivaldi e Beethoven,
batidas mixadas ao Funk,
o balanço do pandeiro,
que também toca nos morros,
todos, arrepiam-me por inteiro,
cada um com o seu toque.
Mãos reviram páginas de um livro,
que marca a história da vida, lida.
Tocam também gelo,
e o corpo que se aquece todo em um beijo,
sentem a tensão dos músculos,
a respiração ofegante,
disparate, constante,
toca-se em fios de cabelo.
Mãos sentem desejo,
E os olhos se olham no espelho,
veem beleza, mistério, luar,
sol iluminando, flores nascendo,
chuva chegando,
corpo debruçado ao avesso, revirado,
sorriso esboçado no fim de qualquer prazer intenso.
Olhos se olham,
se tocam,
se ouvem,
se beijam,
se cheiram.
Olhos te olham do chão e você não os vê, clamam aflitos, gritam, estão em todos os lugares, onde você permitir perceber, verá, existirá, um alguém, tão vivo quanto você, morrendo muito mais do que se imagina, a cada dia e a cada instante. No seu piscar, no olhar não dado à ele, matou-se uma parte ainda maior do que o resto que ainda existe. E mesmo sem força ele ainda persiste, em existir, para dizer-lhe no olhar que você não vê, que o mundo está em cólera.
Olhos te olham do chão, como se fossem menores, mas eles não são, somos todos iguais nesta corrente chamada vida, imploramos respostas, além das já conhecidas. E no fim todos terminaremos em um leito de morte, alguns poucos com a sorte de desfrutarem dos céus.
Seu coração congela e sua visão turva lhe nega que o mundo, não é para todos apenas sorrir.
Mas seus olhos vislumbram outras direções.