18:46

Devoro-te


Perceba-me,
não sabes do que eu sou capaz,
atiro-me no precipício da vida,
faço jogo de amor,
curo feridas.

Devoro,
as cartas do passado.
Minha digestão,
acontece em passo marcado.

Sou a donzela.
A vilã,
que se enclausura na cela,
se desmantela.

Sem timidez,
sou a bela e a fera.

Perceba,
meus mansos olhares e,
minhas falas ferozes.

Meu andar ritmado,
como quem está sempre atrasado.
Tenho pressa,
corro,
não me impeça.

Eu avanço,
faço-o preza certa,
saciar de minha fome,
inquieta.

Sussurro teu nome,
te juro,
amores.
Saboreio,
teu corpo-teu gosto-teu cheiro,
que me vira ao avesso,
e me remonta por inteiro.

Perceba-me,
eu sempre quero,
um pouco mais,
que me faça,
e desfaça.

Meu olhar,
impávido,
teimoso.
Aponta, para os deleites,
de minha corrida.
Eu quero vencer a vida.

Perceba-me,
ouça o que falo,
veja o que faço.
Afaste-se de meu corpo,
Pois neste jogo,
vitória é fácil.
Eu te enlaço.

Eu sou nociva,
e bendita.
Mulher,
De mistérios e,
credos.

Perceba-me,
e desejaras,
ser minha vítima.


"Existe mais do que se vê em cada ser, e por eles, pode haver um desejo imenso de ser perder.
Perceba e perca-se, será um novo viver"




02:25

Eu bem sei dos meus cem anos




Podem haver grandes,
expectativas.
Haverão outras tantas,
vivências nocivas.
Esta é a vida,
eu bem sei.
E você também,
sabe,
que muito se quer,
e por vezes,
pouco se têm.
Eu bem sei,
que sobre tudo,
não saberei.
Os cem anos,
que não viverei.
Me fazem querer,
um pouco daquilo,
e disso também.
Eu bem sei,
que um dia começa,
quando o outro,
termina.
Mas,
o findar da vida,
me parece poesia.
Os cem anos,
que passarei,
mesmo que viva,
dez,
cinqüenta,
talvez...
...Eu bem sei,
que as estrelas,
brilham para mim.
E as nuvens,
são feitas de algodão,sim!
Se dissipam,
e fazem gotas,
que trazem a nós,
inspiração.
E no meu sempre,
cotidianamente,
faço de um dia,
comum,
valor,
para os cem anos,
que não sei,
se viverei.
Eu bem sei,
que preciso ser assim,
um pouco mais,
dono de mim.
O tempo,
corre,
e escorre,
por entre minhas mãos.
Que cedo ou tarde,
gélidas, se tornarão.
Sou escravo do tempo,
mas nele não penso,
os cem anos,
viverei,
a cada dia,
meu despertar,
e o calar do tempo,
que lento passará,
para que eu possa,
me deslumbrar,
fazendo de pouco,
um centenário,
perfeito.
Sem tempo,
e de grande intento.
Onde memórias,
hão de ficar.
Os cem anos,
vividos,
em um piscar,
intenso, de maneira,
que só conhece,
aquele,
que em vida,
só,
fez amar.


"Consagremos, a importância de séculos, por entre nossos dias, sejam eles, quantos forem, façamos, de cada um, único. E sejamos, para as nossas vidas, o mar de vivências e experiências, que devemos ser, sem tempo. Que cada um faça seus cem anos, no seu tempo. O tempo que tiver que ser"

02:09

Despido véu


Seu coração,
sucumbiu, à um disritmado
pulsar.

Olhou pela janela,
indiscreto,
queria à notar.

Procurou seus cabelos,
de longe,
imaginava seu cheiro.

Cabelos negros,
espessos que,
a tomavam,
em um perfeito balançar.

Seus olhos,
admirados,fixados
vislumbravam.

Em seu corpo,

sinuosas curvas,
que davam a sua musa,
um perfeito ar,
de mulher,
fogosa,
fera contida,
e perigosa.

Que contava as horas,
para se rebelar.

Sentiu seu coração,
se exaltar.

O véu da cortina,
que a escondia,
fazia-o,
pobre delirante,
apaixonado,deslumbrado.

Homem, domado,
por esta fera,

feminina,
que o prendia,

sem se quer,
o tocar.


Ela,
o fazia sonhar...



"Vertiginosa sensação, o desejo, transforma, homens prisioneiros, em pássaros livres, dentro de seu imaginário a desejar..."

17:01

Sufocado


Eu preciso respirar,
preciso,
como alguém solitário,
anseia por amar.
Eu preciso respirar,
dê-me ar,
dê-me ar,
dê-me a vida,
que insistentemente,
cansou de tentar,
fazer de mim,
ponto de partida,
do perfeito ao imperfeito,
cansou de mim,
e dos meus dias,
de medo.
Dê-me oxigênio,
um gás letal,
que possa simplesmente,
exterminar, minhas aflições,
meus medos.
Dê-me o ar que preciso,
dê-me a coragem,
que perco,
toda vez,
que ouso tentar.
Dê-me ar,
ou permita que,
meu sôfrego corpo,
finde em suas dúvidas,
de tentar.
Dê a minha alma,
a liberdade,
o existir,
e não somente,
divagar.
Dê-me, ar.
Dê-me, vida.
Sufoque, minhas dores,
Sufoque, minhas dívidas,
com a vida.
Transceda, deste corpo,
faça-o partida,
para que eu possa me elevar,
dê-me ar, dê-me vida.
Permita que eu possa viver,
para amar,
viver para amar,
amar para ser,
a vida,
que me deu,
através do ar.

"Ela deseja, fazer do que ainda não foi feito, o mais perfeito, ter a chance de ter consigo, a paz dos que já morreram, e o valor de vida, dos que puderam tentar novamente, ela quis re-viver, para poder se elevar"

02:22

Eles



Eles

Passos de rumos certos, repetidos dia-a-dia,passos diferentes, alguns largos e lentos, outros mais curtos e rápidos. A pressa e a calma de quem vê a vida de forma diferente, ou de quem tem vidas opostas realmente.

A pressa de quem vem, a calma de quem vai. Ele com a pressa de quem vem a procura de algo que nem sabe o que é, à procura do tempo perdido, ou do tempo que se perderá, com os dias que se sucedem no atribuído viver que lhe pertence. Ela com a calma de quem vai em busca da fantasia, dos seus sonhos de menina, no seu mundo muitas vezes iludida, acreditando ser tudo aquilo que gostaria.

Passos diferentes, ambos distraídos, descompassados, mas com seus próprios ritmos. Ele com o olhar fixo de onde quer chegar. Ela perdida no céu que é onde se encontra todo o seu sonhar, o seu mundo á imaginar.Próximos e distantes, cada um com o seu próprio caminhar, por suas ruas e avenidas, mas na esquina do encontro ambos não poderão deixar de passar.

O choque de dois mundos, ele, ela e seus passos, pausados, em um só olhar, dele, dela. O foco, o céu. O certo, e incerto, e do que eram dois, à partir de então...

...Restou apenas esta história.









Dyane Priscila
Publicado no Recanto das Letras em 15/05/2007


"Do simples, o mais perfeito, eles. A resenha do amor divino, o desequilíbrio, equilibrado"

01:57

Já não lhes bastava Vênus


Já não lhes bastava Vênus

A, como é bom ser receptiva e escutar o que nos dizem os homens. Já diziam os mais velhos que a mulher deveria cuidar de casa, dizem hoje os mais novos que a mulher deve cuidar de tudo, sim de tudo.

Mulheres unidas jamais serão vencidas, queimaram sutiens, em uma revolução feminista.
Digam não aos trabalhos domésticos e sim aos altos cargos executivos,
digam não à gravidez saudável, fruto do amor, digam sim ao sexo casual, vamos pegar os homens, e fazê-los de objeto para nosso prazer, alimento para o nosso ego e descarrego de nossas frustrações.

Foram fortes e corajosas, para obterem o que não tinham,mas, foram relapsas e pequenas, pois acabaram por esquecer, que já tinham grandes responsabilidades, e todas essas mudanças apenas acrescentariam, no quão é importante e dificílimo ser mulher.

Do que adiantou querer tanto mais, se já muito era o que as mulheres tinham, o pragmatismo cego por querer ter tudo de forma incessante, de fato cegou. E estas deixaram de enxergar que o simples e extraordinário fato de nascer mulher jamais permitirá que independente do que façam, venham a se igualar a um homem.

E o que vemos, é uma desvairada tentativa de provar para si mesmas, que conseguem cuidar de tudo,infelizmente, sem muito sucesso.

As mulheres de hoje, mesmo cheias de funções, já não são tão mulheres, esquecem de muito, e ainda assim, pensam estar dominando o mundo.

O mundo masculino, é claro, deixando abandonado o universo feminino.
Já diziam os antigos: os homens são de Marte, as mulheres são de Vênus.Mulheres ousadas! Não é que fizeram uma viagem longa, e acho que infelizmente sem volta.




"Ser mulher, é ser muito, ser vida e frutos, vontade intensa de ser"

Dyane Priscila
Publicado no Recanto das Letras em 16/05/2007

01:43

Eterno Instante



Eterno instante

O instante que inexiste
Vive no apagar da lembrança,
da esperança que insiste
fazer do que não foi,
um bom motivo para ser

Saudades do que se foi
e do que está para ser
vive de vazio, impulsos e calafrios
transborda em lágrimas no anoitecer
E se esconde em sorrisos,
em todo amanhecer.

Dyane Priscila
Publicado no Recanto das Letras em 23/05/2007


18:15

Ressuscitar



"Eu sou a sua verdade, a única, que lhe valerá até o fim..."

Quero mais do que um dia,
de joelhos cinzas,
e falsos, bem-dizeres.
Quero que seja vivo em mim,
e em meus atos,
eu esteja em ti.
Sua vida, e sofrer,
pesem em minha culpa,
por não buscar ser,
algo mais ou além,
não somente o que me convém.
Quero que a partir de então,
possamos estar, juntos,
em silêncio, ou no tumulto,
do palpitar de meu coração,
no correr do sangue,
em meu corpo,
em meu rosto,
escorrem as lágrimas,
do que me salvou,
glorioso, retornou,
Fez-se santo,
em seu poder,
humildade,
amor,
coragem,
a dor, das marcas,
dos que não,o quiseram
receber,

aceito em mim,
para que eu possa,
estar ainda mais em ti,
e desfrutar de seu poder,
sou parte de ti,
e por isto estou aqui,
hoje e sempre, hei de ser,
sou digno de seu amor,
glória e vida,
àquele, que tanto nos ensinou,
deixou a nós,
chances para sermos,
não mais atroz,
e nossas vidas,
transformarmos,
em fim.
És a ressurreição de ti,
a liberdade,
o ressuscitar de mim.

"Eu sou a sua verdade, a única, que lhe valerá até o fim..."
...Amém

14:55

Forever Young


"Um pouco mais de crença, espera e amor"


Outono da vida, remete a dias de primavera lasciva, era abundante o prazer, o tempo era bem-vindo, escravo, amigo, oportunista das idéias benditas que tínhamos. Éramos nós, novatos na escola da vida. O importante era enlouquecer, entorpecer-se, de ser. Querer e obter

Nos dias em que nos perguntávamos até quando seria, como era a vida. A resposta, objetiva, se dava, nos dizendo em alto e bom som: Será, até quando tiver que ser.

De tantas incertezas, a vida se fazia a nossa grande fortaleza, o picadeiro de nossas artes. Nem sempre belas, mas todas as vezes verdadeiras, por serem feitas repletas de vontade. Essa mesma vontade, encontrada em cada ato, que por nós tinha uma beleza incomum, transformava-se, em salva-guarda, de dias inférteis, comuns.

Todos queríamos apenas um pouco mais. Uma última dose. Mais alguns tragos, de tudo que alimentava as nossas entranhas virgens.

Incessante, nossa forma de nos manifestar, sempre juntos, avante, constante. Liberdade, liberdade e um pouco mais de insanidade, para vivermos, sem desejarmos matar, uns aos outros, pela ganância, ou arrogância, que cedo ou tarde, viria nos abordar , se dando como presente, fazendo-se necessidade, para aquela tal liberdade da qual sempre ouvimos falar. E não contentes, repetíamos constantemente, em coral afinado, sem contestar, se juntos, tanto quanto, gritávamos, poderíamos desfrutá-la, sem estrangularmos a nós mesmos, os tantos sentimentos, que em lépido tempo, aprendemos a semear.

Era o princípio do fim, do nós. O princípio da epopéia do eu e do mim, que tantas vezes, enganou-se dizendo que não era assim, tão cheio de si, cheio do eu, cheio de mim.

Buscaríamos, não mais coletivamente, quiça, de forma tão obstinada, o que a vida nos reserva, e por fim, até nos questionaríamos, a que ponto ela, aguardava, que chegássemos, cansados, inertes, ao seu resultado de findar.

Percurso sinuoso, com momentos tenebrosos, que nos fariam desejar cessar, descansar de si, do mim, das escolhas que fizemos, e simplesmente relembrar (cry baby), é hora de viver, a vida está na primavera que se foi, na mesma que não voltará.

02:52

Menina-Menina-Menina


Menina dos olhos de mel,

vence essa chuva,

e se eleva aos céus.


Menina sem saia rodada,

faz se estrela,

fique nas noites acordada.


Menina das lágrimas puras,

desnuda o rosto,

deixe a alegria surgir.


Menina do sorriso teimoso,

desnuda o rosto,

deixe a tristeza emergir.


Menina da boca inquieta,

deixe de beijos,

sua boca existir.


Menina não fale dessa gente,

que te deixa doente,

por simplesmente existir.


Menina-Menina-Menina

não se permita

não condena a ti, este mundo

de sofrer e inexistir.

03:26

Música para a alma




Violinos, flautas;
trompetes, trombones;
clarinetes, e um docê piano...

Eu via o dedilhar,
co-ordenado,
Som rouco,
ora agudo,
outras vezes desafinado.
Forte,
e tantas vezes,
fraco.

Elevou a minha alma,
a um estado pleno,
onde meu corpo sentia,
fagulhas de sensações,
trazidas pela audição,
do coração,
a cada nota, um sopro,
de emoção.

Estava em um simples espaço,
onde contrastava,
o objetivo,
e o substancialmente,
implícito,
em notas que se davam,
através de cordas,
metais,
e suas voltas.

Era a imagem musical,
mais perfeita e densa,
Verdi,
trouxe a mim,
existência, inquieta,
anjos falavam aos meus ouvidos,
em silêncio.

E meu corpo sentia,
palpitava,
arrepiava-se,
a cada iniciar de mais belos acordes,
nobres,
um ensaio para a perfeição,
o começo,
do que não tem fim,
a história,
música.
Meus ouvidos,
a porta,
para sentimentos, que a partir dela;

Infinitamente,
estariam em mim.

03:11

O sabor do veneno


Eu disse odiar,
falei em ódio sem exitar.
O significado não sabia,
falei por falar.
Mas a dor que causam,
palavras ditas,
as fazem feridas.

Marcas para toda a vida,
marcas das dores,
marcas infinitas.

Esse ódio,
que sinto sem cessar,
mata-me constantemente,
silencioso e frio.
Faz de mim escravo,
da ignorância, inconstância.
Insensatez...

Aos ventos,
me enveneno.
Apologia ao suicídio,
morrer por palavras,
não digo,
elas ferem.
Fazem da dor ,
inesquecível.


Suicídio por sentir,
a dor que tento,
calmamente difundir.
Entre pessoas,
e seus sonhos,

entre parênteses,
e entes.

Sinto ódio,
destruo.
mas morro,
a cada vez que ele,
intrépido vem a mim,
não consigo evitar.
Acabo por me intimidar,
o deixo dominar...

02:55

Palavra dita de tão longe


"O desconhecido, se reconhece, ao pulsar de qualquer coração ligeiro."


Eu não sei qual idioma você fala,
não sei quais são,
as suas preferidas palavras.

Não busco os seus olhares,

não os tenho.
Não conheço sua fala,
seja ela mansa, ou agitada.

Imagino eu, o teu sorriso, límpido,
o momento que sorri, e se perde na liberdade de existir.

Eu não conheço os seus caninos.
Eu não sei de ti.
Quisera eu, estar contigo.

Quisera você se lembrar de estar comigo,

no meu inexistir, é que existo.

Faço de ti, figura imaginária,

que vaga.

Perambulando por minhas palavras,

fazendo-se estrada.

O caminho que percorro, na madrugada.
Saudade de outrora,

o seu espaço.

É o vazio que trago agora.



02:40

27 comprimidos

27 comprimidos, para aliviar o perigo, de viver, ser incompreendida, de correr os riscos de estar em desatino.

O desaparecer, levará aos outros, conforto, por não mais ter que culpar a culpada, pela queda das pilastras que sustentavam, o insustentável, mundo de fazer de conta, que está tudo bem, que a vida é sempre Ok, que o importante mesmo é sonhar.

Ela não pensou em pensar, fez do momento o sopro para desabrochar as fraquezas que nela existiam, chorar, gritar, aliviar o seu físico não bastou, a dor do mundo, parecia ser somente sua, por medos, medos e medos. De que seu castelo se desfizesse, e sua vida, mesmo que penenina.

Então ingeriu cada um deles, os 27, sem se dar conta dos estragos que certas substâncias a fariam, tomava, como se fossem pílulas de qualquer coisa, que a faria, fortalecer, ignorar. Mal sabia, que sua vida condenaria, a um depender de se fortificar, elevou-se ao nada, alguém sem forças para encara a vida de frente, por medo, de fraquejar. E este medo tão intenso a levou a cometer um dos piores erros, que poderia imaginar ela tentava incoerentemente se matar.

Sentiu seu corpo, não mais sob seu controle, sentiu seus olhos começarem a cerrar.
Viu vultos e começou a imaginar que tudo estava ficando tranquilo, que o que vivera era apenas um sonho e que a forma ruim de enxergar era apenas seu acordar. (Mal sabia, estava prestes a entrar em sono profundo, o qual ninguém sabia quando e se iria acordar).

Dias depois despertou daquele sonho de estar sofrendo, e se ver sofrida se perdendo em desatinos.
Acordou em um hospital, onde sua família, a acompanhava dia-a-dia. Se questionou o que lá fazia. E eles a disseram, que ela tentara dar fim a própria vida.

Ela já não sabia, qual era o valor de viver para si, perdeu-se em pensamentos, para tentar entender, se viver é tão valioso, por que em um subíto instante, desfez de tudo que tinha, para jogar-se no precipício de morrer?

As respostas de alguém fraco, que buscava friamente acabar com a sua própria dor, um egoísmo fundamentado no não pensar, deram espaço agora, para desprazeres de outrora e uma sensação muito maior de impotência, pois mesmo quando escolheu morrer, viu-se acordando e se perguntando o que fizera, e percebeu que não conseguiu cometer o assassinato às suas fraquezas e que agora mais do que nunca estava condenada a ter que tentar crescer e aprender.

17:14

Suspenso eu penso




"Imagine if distance desappear, so you could be here"

Ao olhar pela a janela do meu apartamento, que não é tão perto do céu, mas que se afasta um pouco, da estabilidade terrestre, eu vejo um horizonte, que acaba após dois quarteirões.


Moro eu, no 4º andar, de um prédio que fica em uma rua, um pouco atrás da avenida, onde tudo se encontra, aquelas tumultuadas avenidas, que todos passam, para ir, ou para vir. Você sabe como é.

A olhar pela vitrine que eu tenho de vida, vejo menos do que gostaria, não existe jardins, que me encham com alegria de vida. Existem muros e pequeninas janelinhas, onde as pessoas colocam as caras, apenas para garantir que o que os outros vivem, ainda é o mesmo.

Sistematicamente, tudo é monitorado, pela certeza da monotonia. Eu busco ver um pouco mais do que estes telhados, uniformemente posicionados, o céu de toda gente, que ocupa o espaço sob ele. Tento imaginar, quantos sonhos, têm aquele que deixa a luz acesa para dormir, ou o que não foi bom, para que em outra janela, a luz se apagasse cedo, como uma grande vontade, que a luz natural preencha o espaço e traga nova vida.

Eu vejo telhados e janelas, pouca vida natural, nem flores, nem sorrisos, não vejo lágrimas e nem bichinhos. Apenas fico a imaginar o que este meu restrito horizonte, com imagem não bucólica, esconde em suas veias, que pulsam vida. E que eu apenas desconheço.

Essa distância que existe, entre eu e todo o mundo, mesmo dentro do meu horizonte, é fonte, para que eu me questione, e sinta, as pessoas que nunca vi, e tente perceber o que há no outro ser.
Após os quarteirões, que eu vejo, o tumulto, é como uma realejo, que trás consigo, o imaginável, mundo inconstante, queria eu que essa distância, não fosse fonte de imaginar, mas sim de viver.

Eu moro na rua, atrás da grande avenida, em um prédio de cores distintas, em um apartamento no quarto andar, que me deixa suspenso ao ar, e me permite imaginar e ver, um pouco mais do que deveria. Aqui eu tenho meus devaneios, minhas ilusões e desilusões, aqui faço da minha vida, uma obra literária que a cada dia, escrevo mas um longa ou curta página, mas que a distancia de corpos, faz com que o que sou não seja tanto para tantos.

Na rua atrás da grande avenida, existe uma descida, que termina neste prédio, sem flores coloridas, mas cor em suas paredes longas, que se misturam com o céu, neste prédio há uma janelinha, que a luz sempre está acesa, é a sede de viver. Eu moro aí, neste espaço de pensamentos, venha me visitar, e mergulhar no meu mundo e em meu horizonte.

Em seu horizonte o que vê de mais profundo, toca você, a distancia dos que não conhece a faz enxergá-los, onde está você, em que lugar ficas, que o mundo não a permite ver. Me diga, se eu souber, viverei mais de você, perto, dentro deste teu mundo, que deve ser intenso e profundo, mesmo que o horizonte, não seja fonte de sonhar ou sorrir.

"Imagine if distance desappear, so you could be here"

01:40

Fortaleza





"O quarto, mundo encantado, quatro paredes de você em você"

Abriu os olhos, e apenas uma larga faixa branca enxergou, os fechou novamente, respirou calmamente, como quem quer sentir cada milímetro cúbico de oxigênio que invade seu corpo, até serem tragados por seus pulmões, e deliciou-se com mais um instante de vida.

Alongou-se de forma, que sentiu os estralos de seus ossos, que o levaram a uma sensação de força e existência, se movimentando, seus músculos que despertavam, geravam, uma sutil mistura, de agonia, dor e prazer.

O branco que via, era a tinta que encobria as rachaduras e o mofo do seu céu de mentira, era seu teto, que em momento algum, estrela se via. E nem mesmo ele o protegia, das tempestades que todo novo dia, poderia trazer e consigo fazer estragos, que levariam tempos para serem reparados. Existencialmente, toda tempestade deixa um ser por muito abalado.

Esse teto transformara seu espaço em uma simples caixinha de surpresas, que nunca nada é revelado, não a sustos com palhaços, ou lágrimas com emocionadas imagens, é um espaço fechado, de vivências inusitadas, onde choros, sorrisos e por que não gemidos, são dados. Pensamentos são elevados a sentimentos, questionamentos se fazem verdades, ilusões caem por terra e trazem infelicidades, o desejo é compartilhado, a solidão é cultivada, por este teto, nada escapa, tudo fica condenado a ser vivenciado. Espaço infinito, completo de tantas possibilidades, pequeno e profundo em sua diversidade, neste lugar não fica pela metade, está cheio de si, sendo profano, ou ícone de divindade. Este lugar agrega tamanha liberdade.

Do que via sabia, que seu complemento existia, era apenas deixar-se encontrar, neste espaço fisicamente pequeno, invariavelmente possibilista, sempre teria onde procurar, era um dia que começava, e outro que findara, neste mesmo espaço repartilhavam a dor do fim, e a felicidade do começar.

Seus olhos abertos, para mais um dia, janela distinta de uma alma conturbada ou sublime, se prepara para as durezas deste mundo, cenas que causam dor, momentos de indiferença, inércia pelas incongruências de desatinos que são tidos como fortalezas.

Mais um dia começa, não quando se desperta, nem quando a alma inquieta tende a se questionar, delirar, sonhar.

Entra no tempo cronológico, da vida ilógica, que leva sem reclamar, quando abri e se retira, de sua caixa tantas vezes pequenina, mas vasta, que o permite se libertar, esteja acordado, ou esteja a sonhar!


"O quarto, mundo encantado, quatro paredes de você em você"

03:19

Caminho da saudade

Ela apenas sentia saudade, tentava compreender, essa estranha liberdade, derivada, da ausência de quem se quer ter e não se têm.

Fisicamente livre, independente, dona de seus caminhos, seus passos e traços. Fugaz contentava-se, com este vazio que a percorria, e a fazia pedrificar seu coração, para nada sentir, além do tempo que não deixa de correr.

Essa saudade a prendia, quando não se deixava esquecer, era um querer intenso, tamanho é esse mal querer, que quando chega invade sem medo o coração indefeso, daquele que por muito já rogou, não querer mais sofrer.

Saudade chega sem pedir licença, abre alas, de mundos e fraquezas, lembranças e purezas, que teimam em regressar, sentir saudade, é não ter vaidade, pois com ela, lágrimas hão de rolar.

"Gotas de saudade regam dias de não amor"

02:44

Versejar

(Balé da Cidade)



Chega de prosas,
hoje eu quero é versejar!
Dar rima a sua vida,
ritmo em seu,
falar.



Quero corações contentes,
quero vida estridente,
que cause marcas,
voraz e temente,
por um alguém que só precisa,
enamorar!

Namorar a vida,
sem temer a morte,
desejar ter sorte,
mas sempre e contudo,
lutar!

Hoje eu quero versejar,
falar da vida não contida,
dos sonhos e fantasias,
que ainda hei de,
realizar!

Sem métrica, sem regras,
a vida apenas aproveitar,
fardos largados ao destino,
ombros leves,
feito asas de passarinho,
eu quero e vou,
voar!

Hoje eu quero é versejar,
As minhas palavras,
ritmo,
para um lindo,
dançar!